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Enchente Histórica em SP - Quando o Buraco do Adhemar Ficou Inundado Bem No Meio do Anhangabaú

Era a São Paulo de 1958 - quando a chuva transformou o Vale do Anhangabaú em um espelho d'água de ironias amargas.

26 de janeiro de 1958: O Buraco de Adhemar e a Piscina da Desilusão – Um Presente Amargo de Pós-Aniversário para São Paulo no Vale do Anhangabaú - FONTE: Acervo O Estado de S. Paulo

Este texto é uma imersão narrativa nas memórias e realidades de São Paulo durante uma significativa enchente em 1958, que transformou o Vale do Anhangabaú em um palco de tragédias e ironias urbanas. Enquanto a cidade marcava seu pós-aniversário, o leitor é guiado através de eventos históricos e anedotas populares envolvendo o famoso "Buraco do Adhemar". Com uma abordagem que mescla crítica, poesia e história, este relato não só retrata um evento específico, mas também explora o legado de desilusões que persistem no tecido urbano de São Paulo.


Índice do Texto:


  1. Introdução ao Contexto Histórico

    • A tragédia do "Buraco do Adhemar" durante a enchente de 1958.
    • Ironias amargas do Vale do Anhangabaú.
  2. O Caminho até Aqui

    • Exploração das origens do texto e como o leitor pode ter chegado até ele.
  3. Buraco do Adhemar: Da Inovação ao Mote de Piadas

    • História da construção e transformação do "Buraco do Adhemar".
    • Análise do impacto social e político da obra.
  4. A Piscina da Desilusão

    • Descrição do dia da enchente que criou uma piscina improvisada.
    • Reflexão sobre as consequências da falta de planejamento urbano.
  5. Crônicas do Buraco do Adhemar nas Manchetes

    • Impacto nos meios de comunicação e a perpetuação da memória do evento.
  6. O Caos e a Resignação

    • Como a cidade reage às suas próprias tragédias e a cultura de adaptação dos paulistanos.
  7. O Rio Tamanduateí e as Almas Perdidas

    • Consequências mais sombrias da enchente, incluindo perdas humanas.
  8. Conclusão: A Piscina da Desilusão como Símbolo de São Paulo

    • Reflexões finais sobre viver em uma cidade marcada por ciclos de desastre e desilusão.


O Caminho até Aqui: Pior do que o Tédio e as Cruzadas Poéticas


Você, leitor, deve ter chegado aqui por um dos três caminhos: ou se deparou comigo por acaso, enquanto o algoritmo doido decidia que eu era uma boa fonte para sua pesquisa, ou foi indicado por alguém que leu o livro Pior do que o Tédio, ou, quem sabe, comprou o livro e resolveu seguir o link ou escanear o QR code que fala da minha história com o alagamento do Buraco do Adhemar em 1958, em pleno Vale do Anhangabaú, na capital paulista.

Mas, nesse momento, pouco importa como você chegou. O que importa é que agora você está aqui, prestes a mergulhar comigo nessa tragédia urbana, que mistura as memórias fictícias da minha persona – Piorzinho – com as duras realidades de São Paulo, em uma narrativa que faz parte das Cruzadas Poéticas que compõem o volume I do Pior do que o Tédio. Uma obra carregada com a densa mistura de concreto, poluição e poesia, refletindo uma São Paulo que é, ao mesmo tempo, fascinante e sufocante. Uma ode odio a essa selva pedra.

Buraco do Adhemar: De Passagem Subterrânea a Piada Urbana


Antes de entrar no caos aquático, vamos falar um pouco do tal "Buraco do Adhemar". Como tudo que começa com boas intenções e termina em apelido popular, essa passagem subterrânea no Vale do Anhangabaú, na altura da Praça do Correio, sob a Avenida São João, virou a piada pronta do paulistano. 

O projeto foi desenhado lá em 1930 por Francisco Prestes Maia, mas o pessoal só resolveu tirar a ideia do papel em 1949, e não foi por pura vontade, mas porque o então governador Adhemar Pereira de Barros achou que já estava na hora de meter a mão na massa – ou no concreto, no caso.

Querendo meter um legado, o governador Adhemar achou por bem cavar 225 metros de passagem subterrânea no Anhangabaú, onde a avenida São João cruza o vale.

Inaugurada em 1950, essa obra era para ser um marco, um símbolo de progresso. Mas, como tudo em São Paulo, foi logo engolida pelas águas, pelas ironias e pelos interesses políticos.

Foi meter o bedelho o povo meteu nomo no buraco


Claro que o povo, sempre afiado e com a quinta série interna a todo vapor, não perdeu tempo e logo apelidou a obra de "Buraco do Adhemar". Vai ver acharam que a passagem tinha tanto a ver com o governador quanto com a falta de planejamento da cidade. O nome colou, e o buraco ficou, sem nunca ter recebido um nome oficial.

A construção, que inaugurou em 1951, seguiu como um dos grandes "presentes" de Adhemar para a cidade, até ser soterrado pelo tempo em 1988.

E não é que, após a morte de Adhemar em 1969, seu rival Jânio Quadros resolveu dar uma "repaginada" no Anhangabaú? Em 1988, começou a construção de um novo túnel, apagando, literalmente, o "Buraco" da história. Para o filho de Adhemar, foi uma tentativa de riscar o nome do pai dos anais da cidade.

Hoje, no lugar do buraco, temos os túneis que levam o nome do Papa João Paulo II – mas, cá entre nós, duvido que o pessoal da época tenha esquecido tão fácil do velho apelido.


"Adhemar de Barros, então prefeito de São Paulo, enfrenta as consequências das chuvas torrenciais que inundaram a cidade, transformando seu famoso 'Buraco do Adhemar' em um símbolo de caos urbano. Governador por duas vezes, Adhemar teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar em 1957. A foto captura um dos muitos desafios enfrentados durante sua gestão."
FONTE: Agência O Globo."


Mas, veja só, o "Buraco" pode ter sumido do mapa, mas continua vivo nas anedotas. Como aquela vez em que Adhemar, prometendo construir uma ponte, foi advertido:

"Governador, aqui não tem rio!"

E ele, sem pestanejar, respondeu:

"Não tem problema, eu mando trazer o rio também..."


E assim seguimos, navegando nas águas turvas da história.

A Piscina da Desilusão: Um Espelho de Ironia no Coração de São Paulo


Voltando ao nosso fatídico dia, entre alagamentos e tragédias, a piscina improvisada no coração de São Paulo em 1958 se tornou um retrato cruel do descaso, onde até a água parece zombar das misérias humanas.

Ah, 26 de janeiro de 1958, um dia que poderia ter sido como qualquer outro, se não fosse por São Pedro, que decidiu testar a paciência da nossa querida São Paulo.

A cidade, já acostumada a ser açoitada pela mão pesada do poder público e pela falta crônica de infraestrutura, viu-se repentinamente transformada em um imenso aquário, onde as figuras humanas, desamparadas, flutuavam em meio ao caos.

E lá estava ele, o "Buraco do Adhemar", aquele lugar sombrio no Vale do Anhangabaú, que, pela obra das águas implacáveis, se metamorfoseou em uma piscina gigante.

Sim, uma piscina! Como se fosse um presente de aniversário para essa selva de concreto, mas não daqueles que se agradece com um sorriso no rosto, e sim daqueles que se encara com um riso amargo e pensa: “Sério, era só o que faltava...”.

"O Buraco do Adhemar transformado em piscina pública após mais uma enchente no Vale do Anhangabaú, 1958. O 'presente' do então governador Adhemar de Barros, uma passagem subterrânea que prometia progresso, virou símbolo do caos urbano paulistano."
FONTE: Acervo O Estado de S. Paulo.

E foi assim que o povo, curioso como sempre, parou o trânsito e se aglomerou ao redor, guarda-chuvas em mãos, para assistir ao grande feito: uma piscina de água de chuca...quer dizer, água de chuva, claro, preenchendo o Buraco do Adhemar. Ali, na frente de todos, a cidade exibia mais uma de suas ironias, como se até as águas que caíam dos céus estivessem zombando da desorganização que reinava nas ruas.

Você leitor, reparou na data do alagado ocorrido: dia 26 de janeiro de 1958? 


Você, leitor, reparou na data do alagamento? 26 de janeiro de 1958. Exatamente um dia após o aniversário de São Paulo. Uma santa ironia divina, não acha? Parecia até coisa de mito grego, onde os deuses, por pura diversão, fazem chover e inundam as terras dos mortais. 

Mas aqui, na dura e concreta realidade paulistana, o presente vinha de um Deus cristão, que, talvez entediado, decidiu brincar com a nossa desgraça e lavar o velho orifício encrustado do buraco de concreto do Adhemar.

Afinal, que outro deus poderia proporcionar um presente tão peculiar quanto uma piscina pública, cheia de água barrenta, para um povo que já está acostumado a nadar contra a corrente?

Crônicas do Buraco do Adhemar nas manchetes dos jornais 


Ah, os jornais da época, sempre prontos para nos lembrar que, em São Paulo, o caos é uma tradição. Nas manchetes do Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo, lá estava Adhemar de Barros, governador e prefeito que achou por bem cavar o famoso "Buraco do Adhemar" no Anhangabaú.

Uma obra que, como tudo na cidade, prometia ser um símbolo de progresso, mas logo virou piada popular e, claro, uma dor de cabeça constante para os paulistanos.

O Estado de S. Paulo não deixou passar a ironia do "presente" que Adhemar nos deu: uma passagem subterrânea que mais parecia um imenso ralo para as águas da incompetência. Suas manchetes eram implacáveis: "Inundado de Novo: O Caos no Buraco do Adhemar". Já a Folha de S. Paulo destacava em letras garrafais: "Buraco ou Piscina? O Legado Aquático de Adhemar".


Depois veio o "Buraco do Sobrinho", outro capítulo na saga dos buracos paulistanos. Com Reynaldo de Barros, sobrinho de Adhemar, no comando, as manchetes do Jornal da Tarde destacavam o desespero de tentar tapar o rombo que se abria na Avenida Nove de Julho. "A Nove de Julho Afunda de Novo: O Buraco do Sobrinho Desafia a Cidade", estampava o jornal, enquanto a Folha da Tarde não perdia a chance de ironizar: "De Tal Tio, Tal Sobrinho: Outro Buraco para São Paulo".

Chuvas torrenciais, tubulações antigas e uma administração que parecia mais preocupada em evitar o trânsito do que em resolver o problema de verdade. E assim, o "Buraco do Sobrinho" ganhava espaço nos jornais, enquanto motoristas e pedestres tentavam sobreviver ao caos diário da cidade.

No final das contas, as páginas dos jornais eram um desfile de promessas, desculpas e tentativas desesperadas de controlar o incontrolável. O "Buraco do Adhemar" foi tapado, o "Buraco do Sobrinho" desapareceu, mas a sensação de que São Paulo está sempre à beira de um colapso continua viva, como um fantasma que assombra nossas ruas.

O Caos e a Resignação: Uma Cidade que se Diverte com as Próprias Tragédias


Enquanto o centro da cidade parava, com carros submersos e gente boiando na correnteza da desgraça, alguns corajosos – ou quem sabe, simplesmente desesperados – resolveram que era hora de se divertir. Mergulharam na piscina improvisada, um ato que talvez fosse de desafio ou pura resignação, quem sabe? Uma tentativa de abraçar a ironia do momento, de rir da própria desgraça em uma cidade que parece se alimentar das nossas quedas.


"Um dia chuvoso em São Paulo revela mais um capítulo do caos urbano: a cratera que engoliu parte da Avenida Nove de Julho, conhecida como o infame 'Buraco do Sobrinho'. Enquanto a cidade tentava seguir sua rotina, a infraestrutura cedia, expondo as falhas de um sistema que, como a cratera, parecia sempre à beira de um colapso.
FONTE: Site Pseudo Papel"

Os jornais, claro, não perdoaram. O *Estado de S. Paulo* encheu suas páginas com relatos de destruição: casas desmoronadas, pontes quebradas, estradas devoradas pela fúria das águas.

E, como a cereja no topo desse bolo encharcado, o Mercado Municipal foi invadido pela lama, com as mercadorias apodrecendo em um cenário digno de filme de terror.

Não estou dizendo que o *Estadão* mentiu no relato. Imagina, com toda a vênia, meritíssimo. Só estou dando minha humilde opinião de que, na maioria das vezes, as raízes dos problemas ficam enterradas, invisíveis.

O Rio Tamanduateí e as Almas Perdidas: A São Paulo que Não Muda


Em meio ao caos, o Tamanduateí, esse rio que carrega mais histórias de tristeza do que peixes, também resolveu se juntar à festa e arrastou consigo algumas almas perdidas. Três mortes. Três vidas tragadas pela correnteza.

Mas quem se importa, não é mesmo? Afinal, o que são três a menos em uma cidade que segue implacável, indiferente aos gritos e aos corpos que se acumulam?

E eu, Piorzinho, olho para essa história, essa memória encharcada, e penso: nada mudou. As chuvas ainda vêm, o Estado ainda falha, e nós, pobres coitados, continuamos a nos afogar em nossa própria impotência.

A Piscina da Desilusão como Símbolo de São Paulo


Então, antes que me acusem de profanar o acervo histórico, deixo aqui minha amarga reflexão: São Paulo, essa piscina de desilusão, onde o futuro sempre parece estar submerso e o presente, afogado em ironia. Como personagem dessa *Cruzada Poética*, eu só posso concluir que viver aqui é, de fato, *Pior do que o Tédio*.

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Texto criado com o auxílio de IA sob a direção criativa de um mano chamado Elidio Santos.

FONTES:

Pseudo Papel: http://blog.pittsburgh.com.br/2010/12/buraco-sobrinho/

Sampa Histórica: https://www.facebook.com/photo?fbid=2371064682947415&set=vista-do-vale-do-anhangaba%C3%BA-1958em-primeiro-plano-o-famoso-buraco-do-ademar-o-bu

Foto histórica do Vale do Anhangabaú. Em 1958, 'buraco do Adhemar' ficou inundado e virou atração: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,fotos-historicas-piscina-no-anhangabau,11433,0.htm

O Globo: https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/adhemar-de-barros-citado-por-sergio-cabral-na-lava-jato-o-rouba-mas-faz-22160892

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