Pesquisar este blog

Cruzadinhas, Enigmas e Puzzles: Como Pior do Que o Tédio Une Poesia e Passatempos Populares

O Livro-Objeto que Transforma o Tédio em Arte

Capa do livro Pior do Que o Tédio - Poesias Interativas
A obra conecta literatura e jogos de palavras, transformando a leitura em uma experiência interativa que desafia a imaginação e provoca reflexões sociais.

Palavras-cruzadas, charadas e forcas se tornam peças narrativas, onde a história se completa à medida que o leitor decifra e joga.

Imagine um livro que não aceita ser apenas lido. Ele exige que você o toque, o desvende, o preencha. Pior do Que o Tédio não quer espectadores passivos, quer cúmplices na criação. Mas não qualquer criação: uma que subverte o senso comum, que transforma a linguagem em labirinto, o jogo em resistência, o tédio em arte.

O que faz desse livro uma ferramenta criativa contra o marasmo, o ódio desorganizado e a anestesia política? Como ele se torna um campo de batalha para quem enxerga a escapatória na invenção e na ação poética? É isso que vamos desvendar.

Poesia + Passatempos = Leitura Ativa

Pior do Que o Tédio é um livro que se recusa a ser um livro tradicional. Ele é um livro-objeto, um híbrido entre poesia, jogos de palavras e crítica social.

Aqui, palavras-cruzadas, charadas e jogos de forca não são meros passatempos: são parte do enigma maior, que só se resolve quando o leitor participa, decifra e reconstrói o texto.

É uma experiência interativa que exige presença e pensamento. Enquanto a literatura convencional se contenta em contar histórias, Pior do Que o Tédio desafia o leitor a ser coautor, a preencher lacunas, a questionar. Tudo isso enquanto lida com temas como alienação, rotina, criação e os paradoxos da existência.

Em um mundo saturado de estímulos, onde a atenção é uma moeda disputada, este livro propõe algo raro: uma pausa ativa, uma leitura que obriga o leitor a se engajar, se perder e se reencontrar dentro das próprias palavras.

Influências e Inspirações

A concepção de Pior do Que o Tédio como livro-objeto nasceu do impacto direto da oficina criativa do artista Fabio Morais, conhecido por transformar objetos do cotidiano em narrativas carregadas de historicidade e subversão.

Foi nesse espaço de experimentação que Elidio Santos encontrou a fagulha que daria forma ao livro: a ideia de que a literatura não precisa se limitar às páginas, mas pode ser manuseada, desdobrada, desvendada.

Esse conceito dialoga com a poesia concreta de Arnaldo Antunes e Paulo Leminski, que desafiaram as fronteiras entre palavra e imagem. Assim como esses poetas usaram a materialidade do texto para criar novos sentidos, Pior do Que o Tédio brinca com o suporte e reinventa a experiência de leitura.

Se você quer entender melhor esse conceito, recomendo a leitura sobre livro-objeto e arte narrativa, como o livro Falas Inacabadas, de Elida Tessler, que tem suas páginas costuradas, tornando a leitura um ato físico e performático.


Outro exemplo é O Livro de Areia, de Jorge Luis Borges, onde as páginas nunca são as mesmas, desafiando a linearidade da leitura.

Artur Barrio criou um livro cujas páginas amassadas dentro de um cesto de lixo exigem que o leitor as resgate, as desamasse, tornando a leitura uma experiência única para cada um. Sem falar no inusitado Livro de Carne, literalmente feito com fatias de carne.

Essa interatividade, esse jogo entre forma e significado, é o que torna Pior do Que o Tédio um livro para se viver, não apenas ler.

A Poesia Construtivista e o Livro-Objeto

Após decantar todo esse aprendizado do acúmulo artístico, Elidio Santos iniciou uma jornada de experimentações. Foi um processo íntimo, quase alquímico, onde cada descoberta era como uma peça de um quebra-cabeça que ele montava e desmontava, buscando novas formas de expressão.

Nessa pesquisa, surgiram os poemas construtivistas, e foi aí que Elidio pirou na batatinha. Ele se deparou com um dos primeiros poemas do movimento, criado pelo poeta Augusto de Campos, em que a palavra "luxo" era escrita várias vezes, mas, ao se olhar com atenção, percebia-se que cada "luxo" era, na verdade, um "lixo" camuflado.

A genialidade da obra estava justamente nessa dualidade, na crítica sutil ao consumismo e à superficialidade.


À primeira vista, parece uma repetição simples, mas, ao se aproximar, o leitor percebe que cada "luxo" é, na verdade, um "lixo" camuflado. A ironia é tão fina quanto cortante, e Elidio ficou fascinado pela maneira como o poeta usava a forma para ampliar o significado.

O autor fez uma primeira versão do livro em uma oficina criativa de edição e manipulação de imagens, reproduzindo os primeiros poemas. Nesta versão, ainda não havia nada de livro-objeto, mas continha a tentativa do autor de brincar com palavras e imagens e sua diagramação na página. Era um esboço, um ensaio, onde Elidio começava a explorar as possibilidades visuais e textuais que mais tarde se tornariam a essência de Pior do Que o Tédio.

Foi durante um curso de editoração por meio de software que Elidio aprendeu técnicas avançadas de diagramação e design.

Foi ali, entre tutoriais e experimentações digitais, que ele teve a sacada genial: usar como linguagem os caça-palavras, aqueles passatempos que ele mesmo era viciado em resolver nos jornais velhos que sua namorada trazia do prédio onde trabalhava.

Esses jornais, cheios de palavras escondidas em grids aparentemente caóticos, se tornaram uma metáfora perfeita para o que ele queria expressar: a busca por significado em meio ao tédio e à desordem do cotidiano.

E assim nasceu Pior do Que o Tédio, uma série de livros-objeto de poesias que se inspira em passatempos populares como caça-palavras, cruzadinhas, charadas e toda sorte de puzzles. Cada volume aborda um aspecto diferente de uma história sobre como curar você e a cidade do “Pior do Que o Tédio”. Os três volumes — Concreto, Poluição; Workaholic; e Va-zi-o — são feitos para serem tocados, lidos, ouvidos e vistos, seja na versão física, onde você pode rabiscar com lápis, ou na digital, onde links e QR Codes revelam conteúdos secretos: áudios-poemas, vídeos-poesia e outras surpresas multimídia que expandem a experiência literária.

E se, na versão digital, você perceber algo “estranho” nas páginas — algo além das palavras e imagens —, talvez valha a pena ligar o leitor automático do seu PDF. Pior do Que o Tédio é uma criação pensada para ser usufruída do seu jeito, com toda a liberdade que a poesia é capaz de proporcionar.

Os poemas contidos nos volumes são peças fundamentais para a construção do que chamamos de literatura interativa: uma forma de levar inspiração com conhecimento ficcional e poético, de maneira interessante e emocional, elevando sua força criativa — a semente dentro de você que abriga o melhor do seu potencial humano.

Venha pensar, estimular sua criatividade e raciocínio com Experiências Poéticas, Entretenimento Construtivo e a combinação perfeita entre desafios e a dose necessária de poesia, para fazer você pensar, questionar e sentir. Porque, no final das contas, Pior do Que o Tédio não é apenas um livro: é um convite para transformar o tédio em arte, a passividade em ação, e o caos do cotidiano em uma jornada de descobertas.

E, como diz o próprio Elidio: “O tédio é só o começo. O que vem depois é com você.”

Nenhum comentário:

Pages