Quem é Manay Deô? A Jornada Poética de um Heterônimo Criativo no Livro Pior do Que o Tédio
![]() |
Do Call Center ao Livro-Objeto
O heterônimo de Elidio Santos transforma o tédio do trabalho em poesia e desafios literários que fazem o leitor experimentar a rotina de um operador de telemarketing.
Manay Deô é identidade literária, voz poética que brotou das entranhas criativas de Elidio Santos, poeta publicitário e artista multifacetado. Criado por Elidio, Manay personifica a fusão entre poesia e publicidade, duas linguagens que definem sua essência discursiva. Mas quem é Manay Deô? Qual seu papel na obra Pior do Que o Tédio - Volume I: Concreto, Poluição e Poesia(?)?
Este artigo explora a gênese de Manay Deô, sua conexão com a literatura e a publicidade, e como se tornou figura central na narrativa de Pior do Que o Tédio. Além disso, mergulha na inspiração que Elidio Santos encontrou em nomes como Fernando Pessoa e como essa influência moldou a criação de Manay e outros heterônimos. Ao final, você é convidado a conhecer e adquirir o Volume I desta obra que transforma o tédio em arte.
A Gênese de Manay Deô: Do Call Center à Literatura
Manay Deô não nasceu em um momento específico, mas de uma necessidade urgente de expressão. Em 2010, Elidio Santos trabalhava em uma central de telemarketing, onde a rotina exaustiva e alienante o levou a buscar refúgio na escrita.
Nesse ambiente opressivo, surgiram os primeiros versos de Manay, como resistência ao tédio e à desumanização do trabalho.
Um dos primeiros textos escritos na pele de Manay foi a poesia Cinza, reflexão sobre o peso do horizonte poluído de São Paulo e como afeta a vida dos transeuntes que circulam pelo centro da cidade.
Essa poesia revelou a voz única de Manay e acendeu a centelha para a criação de um livro que unisse poesia, crítica social e interatividade.
Pior do Que o Tédio é o resultado dessa jornada. Nasce da necessidade de transformar a rotina cinza do telemarketing em algo colorido e significativo.
Manay Deô personifica essa transformação, um heterônimo que desafia a monotonia e convida o leitor a enxergar o mundo através de uma lente poética.
A Inspiração em Fernando Pessoa: Heterônimos e a Multiplicidade do Ser
A criação de Manay Deô não aconteceu no vácuo. Elidio Santos encontrou inspiração em Fernando Pessoa, poeta conhecido por criar heterônimos com personalidades e estilos literários distintos. Pessoa mostrou que a literatura pode ser um campo fértil para a multiplicidade de vozes.
Enquanto trabalhava no centro de São Paulo, Elidio comprou seu primeiro livro de Fernando Pessoa em uma banca de jornal: Mensagem, edição de bolso da editora L&PM Pocket que guarda até hoje.
Esse livro foi a porta de entrada para o universo pessoano, seguido por compilações dos principais heterônimos de Pessoa, como Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
Essas leituras alimentaram sua paixão pela poesia e o inspiraram a criar seus próprios heterônimos, cada um com voz única e função específica.
Um momento crucial foi a leitura da carta de Fernando Pessoa ao amigo Adolfo Casais Monteiro, na qual o poeta explica o processo de criação de seus heterônimos. Pessoa descreve como cada heterônimo surgiu de uma necessidade interior, quase como manifestação de partes fragmentadas de sua personalidade. Essa revelação foi fundamental para Elidio, que, no início da carreira como poeta, tentava emular a metodologia de Pessoa até encontrar sua própria voz e eu lírico.
Outro livro importante foi "Quando Fui Outro", coletânea organizada por Luiz Ruffato (Ed. Alfaguarra, 2006), que reúne textos de Fernando Pessoa sob a perspectiva de seus heterônimos. Essa obra ajudou a entender como cada heterônimo pode ter vida literária independente, com estilos e temas próprios. Confira uma resenha detalhada aqui.
Manay Deô é fruto dessa influência. Assim como os heterônimos de Pessoa, carrega identidade própria, visão de mundo distinta e forma única de se expressar. Não é uma cópia, mas uma reinvenção que reflete a realidade urbana e a luta contra a alienação cotidiana.
A Poesia Publicitária: A Fusão de Dois Mundos
Manay Deô é poeta publicitário, fusão rara que o define. Une a sensibilidade da poesia à precisão da publicidade, criando uma voz única e multifacetada. Enquanto a poesia tradicional busca beleza e profundidade, a poesia publicitária de Manay tem propósito adicional: comunicar, engajar e provocar reflexões.
A inspiração vem de poetas como Paulo Leminski, João Cabral de Melo Neto e Arnaldo Antunes, que exploraram a interseção entre poesia e publicidade. Um exemplo marcante é o comercial da Natura, criado com o texto e o ser-discursivo de Arnaldo Antunes, que pode ser assistido aqui. Esse tipo de criação mostrou que a poesia pode transcender os limites da página e se tornar ferramenta poderosa de comunicação.
Manay Deô leva essa fusão a novo patamar, utilizando linguagem publicitária para criar poemas que emocionam e desafiam o leitor a pensar criticamente sobre o mundo ao redor. É a vocalização criativa de Elidio, heterônimo que une sensibilidade poética à eficácia da comunicação publicitária.
Os Óculos Amarelos: A Simbologia por Trás de Manay Deô
Para Elidio Santos, cada heterônimo carrega objeto simbólico que representa sua essência. No caso de Manay Deô, são os óculos amarelos sem grau. Não são apenas acessório; são metáfora para a forma como Manay enxerga o mundo.
Os óculos amarelos representam a capacidade de ver além do cinza, de encontrar beleza e significado mesmo nas situações mais monótonas e desafiadoras. Simbolizam a ideia de que a literatura pode ser filtro através do qual enxergamos a realidade de forma mais clara e colorida.
Como Manay Deô afirma:
“A literatura são os óculos para quem vê a vida apenas cinza.”
A Função Criativa de Manay Deô em Pior do Que o Tédio
Manay Deô é o guia que conduz o leitor pela narrativa de Pior do Que o Tédio. Mais que personagem, é o elo entre autor e leitor, entre realidade e ficção, transformando a escrita em ponte para novas perspectivas.
Através de Manay, Elidio Santos explora temas como alienação do trabalho, precarização da vida urbana e busca por significado em mundo cada vez mais automatizado. Manay é a voz que questiona, provoca, desafia o leitor a sair da zona de conforto e enxergar o mundo com novos olhos.
Conclusão: A Importância de Manay Deô na Literatura Contemporânea
Manay Deô é manifesto literário. Sua existência desafia convenções da poesia tradicional e abre novas possibilidades para a literatura contemporânea. Através de sua obra, Elidio Santos convida a refletir sobre tédio, rotina e busca por significado em mundo cada vez mais acelerado.
Se identificou com essa jornada, sentiu-se tocado pela poesia de Manay Deô e quer mergulhar ainda mais nesse universo, não perca a oportunidade de conhecer o Volume I de Pior do Que o Tédio. Clique no link abaixo e adquira o exemplar hoje mesmo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário