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Eu Vi Gigantes no Centro de São Paulo: O Encontro de Piorzinho com os Colossos Urbanos

Quando os gigantes de Raquel Brust e os pichadores se encontraram nas ruas e criaram uma nova arte sem protocolo.

Piorzinho caminha pelo centro de São Paulo e encontra gigantes, como os rostos ampliados do projeto 'Giganto' de Raquel Brust
Piorzinho caminha pelo centro de São Paulo e encontra gigantes, não só nos rostos ampliados do projeto "Giganto" de Raquel Brust, mas também nas marcas deixadas pelos pichadores, que transformaram a intervenção urbana em uma nova forma de arte de rua.

O Caminho até Aqui – Pior do que o Tédio e as Cruzadas Poéticas


Você, leitor, deve ter chegado aqui por um dos três caminhos: ou se deparou comigo por acaso, enquanto o algoritmo maluco decidia que eu era uma boa fonte para sua pesquisa, ou foi indicado por alguém que leu o livro Pior do que o Tédio, ou, quem sabe, comprou o livro e resolveu seguir o link ou escanear o QR code que fala das minhas andanças pelo centro de São Paulo. Pouco importa como chegou.

O que importa é que agora você está aqui, pronto para mergulhar comigo nessa narrativa urbana, onde realidade e ficção se misturam como as tintas na parede de um viaduto. Este conteúdo é um dos tantos conteúdos secretos presentes no Volume I do Pior do que o Tédio, onde o leitor, a partir do livro, cai neste artigo para expandir a experiência.

Eu Vi Gigantes: Quando a Arte Tomou as Ruas


Era um daqueles dias em que a cidade parecia mastigar meus pensamentos e cuspir de volta em forma de poesia ácida. Caminhava pelo centro de São Paulo, em busca de algo que distraísse minha mente das rotinas cinzentas da selva de concreto. Foi então que me deparei com eles: os gigantes.

Eu vi gigantes


Não duendes ou gnomos, mas rostos enormes, ampliados e colados nas colunas de viadutos e nas paredes dos prédios. Rostos de gente comum, arrancados do anonimato e jogados de volta na cara da cidade, em uma escala monumental. Eram parte do projeto "Giganto", da fotógrafa Raquel Brust, que decidiu transformar São Paulo em sua galeria a céu aberto.

Aqueles rostos, impressos em gigantescas lonas e espalhados pelo Minhocão, pareciam me observar, me julgando por cada pensamento cínico e cada crítica à cidade. Era como se a própria São Paulo tivesse decidido me lembrar que, por trás de toda essa arquitetura opressiva, há gente, vida, histórias que merecem ser contadas. Mas, claro, como tudo na vida, até os gigantes não estavam imunes às marcas do tempo e da cidade.

A Intervenção dos Outros Gigantes: Os Pichadores


Caminhando por entre as colunas gigantescas, percebi que nem todos os rostos estavam intactos. Alguns deles haviam sido "tatuados" com spray, como se outros gigantes da cidade tivessem decidido deixar sua marca na obra de Raquel Brust. Eram os pichadores, artistas das ruas, que com suas latas de tinta transformaram a intervenção em algo ainda mais caótico e vivo.

Imagem de pichadores interagindo com o projeto Giganto
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Eu vi gigantes, e eles também viram. Os pichadores, com sua arte crua e muitas vezes marginalizada, decidiram que aqueles rostos enormes precisavam de um toque a mais. E assim, as linhas pretas e as curvas das letras desenhadas em spray se misturavam aos traços dos rostos, criando uma nova forma de expressão, um diálogo silencioso entre duas formas de arte que compartilham o mesmo espaço urbano.

Os jornais, é claro, não perderam tempo em tentar criar um conflito


As manchetes gritavam sobre a "guerra" entre os artistas de rua e os pichadores, como se fosse possível definir fronteiras claras no caos criativo da cidade. Mas nós, que conhecemos a arte das ruas, sabemos que ela não segue os protocolos das galerias chiques e assépticas. A arte dos pichadores é tão legítima quanto a dos fotógrafos, e quando elas se encontram, não é guerra, é fusão. É a cidade falando em mais de uma língua.

A Resposta de Raquel Brust: Quando a Arte Não Segue Protocolos


Enquanto a mídia burguesa tentava, em vão, fabricar uma briga entre os gigantes da fotografia e os gigantes da pichação, Raquel Brust, a criadora do projeto "Giganto", respondeu de forma direta e desarmante. Em suas próprias palavras, ela deixou claro que não via a intervenção dos pichadores como uma afronta, mas como parte natural do ciclo da arte urbana.

"A cidade é viva, é pulsante, e a arte que colocamos nela também deve ser. Os pichadores não vandalizaram meus gigantes; eles dialogaram com eles, trouxeram uma nova camada de significado, uma nova narrativa. A arte das ruas não segue os protocolos das galerias assépticas. Aqui, tudo se mistura, se transforma, e é exatamente isso que faz a cidade ser o que é." – Raquel Brust.

A Mídia Burguesa e a Falsa Briga de Gigantes


A mídia burguesa, sempre sedenta por uma narrativa fácil de vender, tentou transformar o encontro dos gigantes em uma briga de titãs. Artigos inflamados surgiram, sugerindo que os pichadores estavam "vandalizando" a obra de Raquel Brust, como se eles fossem os vilões da história. Mas a verdade é que, em uma cidade como São Paulo, não há vilões, apenas sobreviventes tentando deixar sua marca de qualquer maneira que podem.

Imagem do projeto Giganto no Instagram
Projeto Giganto (@projetogiganto) é um projeto de instalação com fotografia hiperdimensionada da artista visual @raquelbrust.

A arte das ruas não se preocupa com a curadoria, com o selo de aprovação dos críticos. Ela é visceral, nasce do desejo de ser visto, de ser ouvido, mesmo que por breves momentos antes de ser apagada ou sobreposta por outra. Os pichadores não estavam "destruindo" os gigantes de Raquel Brust; eles estavam dialogando com eles, escrevendo sua própria narrativa sobre as paredes que a cidade insiste em erguer entre nós.

Eu vi gigantes, e vi também a tentativa frustrada da mídia de criar uma guerra onde havia apenas criação. Eles não entenderam que os gigantes das ruas não são inimigos, mas aliados na luta para manter a cidade viva, pulsante, verdadeira.

A Paródia: Eu Vi Gigantes


E enquanto eu andava pelo centro, observando essa estranha harmonia entre os rostos colossais e as assinaturas desenhadas em spray, uma paródia começou a se formar na minha cabeça. Na métrica de uma canção antiga, mas agora adaptada para essa realidade insana:

Eu vi gigantes
Haha, eu vi gigantes
Eu vi artistas
Nas paredes da cidade
Gigantes por todas as partes
No Minhocão, no centro em expansão
Gigantes que querem falar
E nós não devemos calar
Gigantes tatuados na alma
Pichadores que nos fazem pensar

(Eu vi gigantes, haha
Eu vi pichadores)

Gigantes não vivem em galerias
Não precisam de aprovação
Gigantes falam com a cidade
Com sua tinta e expressão
A população dos gigantes
Exorbita-se a cada segundo
Gigantes querem nos mostrar
Que a arte é de todos, no fundo

(Eu vi gigantes, haha
Eu vi a arte)

O Encontro que Mudou o Centro


No final, foi um encontro que transformou o centro de São Paulo. Os rostos ampliados de Raquel Brust, que inicialmente pareciam tão distantes, tão acima de nós, foram trazidos de volta à realidade pela intervenção dos pichadores. Aqueles rostos gigantes agora carregavam as marcas da cidade, como se estivessem tatuados pela própria alma de São Paulo.

Imagem do projeto Giganto com intervenções de pichadores
Projeto Giganto (@projetogiganto)

E eu, Piorzinho, não pude deixar de sorrir. Não com um sorriso de satisfação, mas com aquele riso amargo que a vida urbana sempre me provoca. Vi como a arte pode ser efêmera e eterna ao mesmo tempo, como pode se transformar e ser transformada, mesmo quando a mídia tenta nos convencer de que devemos escolher lados.

Caminhei mais um pouco, olhando para os gigantes ao meu redor, e senti que, mesmo que por um breve momento, eu havia sido parte de algo maior. Algo que não podia ser contido, classificado ou moldado pelas expectativas. Algo que só poderia existir nas ruas, onde a arte é tão caótica quanto a vida.

O Legado dos Gigantes


O "Giganto" de Raquel Brust e a intervenção dos pichadores me deixaram uma lição: a arte, quando é verdadeira, não pode ser contida por molduras, por galerias, ou mesmo pelas paredes da cidade. Ela cresce, se espalha, se mistura, se funde com a vida ao seu redor.

Eu vi gigantes, e eles me mostraram que a arte é tão viva quanto nós. Que as ruas de São Paulo, com todo o seu caos, toda a sua beleza e toda a sua feiura, são o verdadeiro museu da nossa existência. E que, no fim das contas, é nesse espaço entre o planejado e o inesperado que a verdadeira magia acontece.

E assim, me despedi dos gigantes, sabendo que eles continuariam ali, vigiando a cidade, contando suas histórias para aqueles que estivessem dispostos a ouvir. E eu, Piorzinho, continuei minha caminhada, pronto para encontrar mais gigantes em meu caminho, mais histórias para contar, e mais arte para ser vivida, porque aqui, nas ruas de São Paulo, a vida é, de fato, Pior do que o Tédio.


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Texto criado com o auxílio de IA sob a direção criativa de um mano chamado Elidio Santos.


Quem é Raquel Brust?

Raquel Brust é uma fotógrafa e artista visual brasileira, reconhecida por seu trabalho inovador que mistura antropologia visual e fotografia. Formada em comunicação, com especializações em jornalismo e fotografia, Raquel é apaixonada por histórias que revelam a essência humana. Seu projeto mais conhecido, Giganto, iniciou-se em 2008 e ganhou grande notoriedade ao ocupar os pilares do Minhocão, em São Paulo, com retratos gigantes de cidadãos comuns. Raquel vê a rua como uma galeria viva, onde a arte é criada e recriada em colaboração com a cidade e seus habitantes. Recentemente, ela expandiu seu trabalho com o Giganto Diversidade, focando na representação de identidades diversas e na inclusão.


O Projeto Giganto

Giganto é um projeto de arte urbana criado por Raquel Brust em 2008, que visa trazer visibilidade a pessoas comuns por meio de retratos gigantes colados em espaços públicos. Com foco em humanizar o espaço urbano, o projeto rapidamente se tornou uma referência em arte pública no Brasil. As intervenções de Giganto provocam reflexões sobre identidade, espaço e interação social. Recentemente, a fase Giganto Diversidade trouxe à tona discussões sobre inclusão, representando corpos e identidades diversas. O projeto continua a evoluir, integrando novos elementos e colaborando com a comunidade para criar uma galeria viva nas ruas.


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