A fotografia como extensão do olhar. O corpo como tela. O sagrado e o profano em um jogo de luz e sombra.
O Corpo Como Diálogo, a Fotografia Como Traço
O trabalho do fotógrafo ensaísta Gal Oppido não se limita a capturar imagens; ele constrói um diálogo com o corpo. A nudez, para ele, é um papel em branco, uma folha dérmica onde a fotografia – extensão do olhar humano – se torna o lápis que desenha sua obra.
Essa análise não é apenas metafórica. Gal tem no desenho a base de sua construção artística. Para ele, os traços são símbolos e ícones que moldam o corpo e o enchem de significados semióticos e interpretativos. Em sua arte, não há fronteira entre o desenho e a fotografia. O olhar exercitado no traço se traduz no digital, permitindo que ele rediscuta sua visão ao revisitar suas fotos.
O corpo, nesse processo, assume um papel de mediador: nele se desenham ideias, nele se revelam questionamentos.
O Mito, o Futebol e a Conexão Interrompida

O Corpo e a Expressão do Profano e do Sagrado
Gal Oppido está sempre em busca de novas formas de expressão, explorando até mesmo o universo religioso em sua fotografia. Seu olhar se debruça sobre o abismo entre o profano e o sagrado, registrando imagens que desafiam interpretações.
Em um de seus ensaios, o fotógrafo capturou um modelo interpretando um estuprador que gritava para a vítima: "Não tem mais volta!". Ao fotografar o abdome do ator, Oppido percebeu como a contração muscular do corpo transmitia a tensão daquele momento encenado.
O resultado dessa obra causa estranhamento, mas também fascínio. O corpo, aqui, não apenas comunica; ele incita julgamentos morais e sugere leituras que flertam com a estética do cinema – onde o movimento das imagens traduz a linguagem do corpo.
O Mito, o Futebol e a Conexão Interrompida
Para Gal, o sagrado sempre esteve vinculado ao mito – a forma mais antiga de narrativa da humanidade. Desde os tempos das cavernas, o homem busca significado nos fenômenos naturais, atribuindo-lhes divindades. Para ele, a representação dos santos e das entidades espirituais se assemelha, imageticamente, à iconografia dos extraterrestres.
Uma anedota curiosa durante uma palestra ilustrou essa relação. Quando perguntado se já havia pensado em fotografar o universo do futebol, Gal respondeu com uma história.
Certa vez, na praia, acompanhava uma cerimônia umbandista. De um lado, o culto se desenrolava; do outro, um jogo de futebol acontecia. Em meio ao transe, um dos médiuns da cerimônia reagiu ao grito de "gol!" vindo do campo, repetindo a comemoração dos jogadores.
A conexão espiritual foi interrompida. O transe dissolveu-se naquele instante.
Esse episódio, ao mesmo tempo cômico e simbólico, revela a complexidade da imaginação humana e sua relação com o divino – ou com aquilo que ele acredita ser divino.
FOTO.DOC - Gal Oppido from vitordomingos on Vimeo.
A Fotografia Como Marca Histórica
A obra de Gal Oppido reafirma que a fotografia não apenas registra, mas também dialoga com as artes visuais e plásticas. Sua câmera não apenas captura; ela revela.
Para o artista, a fotografia deve assumir seu papel de "digital histórica", desvendando os mistérios do corpo e, por extensão, da própria humanidade.
Quem é Gal Oppido?
Nome completo: Marcos Aurélio Oppido
Nascido em: São Paulo, SP
Formação: Arquitetura e Urbanismo – USP
Início na fotografia: 1976
Além de fotógrafo, Gal Oppido foi baterista da banda Novo Rumo, contribuindo para a experimentação de novos arranjos musicais. Ele afirma que três grandes paixões norteiam sua profissão: música, futebol e desenho.
Em seu perfil no Instagram, Gal compartilha suas obras e reflexões. Entre elas, destaca-se a provocação de Ernest Becker:
"O homem é um deus que caga."
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Meta descrição das imagens: A fotografia como expressão do corpo. Gal Oppido transforma a nudez em narrativa visual, desafiando fronteiras entre arte, desenho e mito.
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