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DORpamina – Notícia Tóxica, Corpo em Alerta


Texto inspirado no trecho da palestra de Dra. Anete Guimarães no canal do YouTube (youtube.com/c/AneteGuimaraes).

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Dra. Anete Guimarães (RJ) — Médica neurologista e palestrantes espíritas do Brasil.

Dopamina – C₈H₁₁NO₂

Elemento físico — não é metafísico, nem espiritual. Trata-se de um composto neuroquímico presente no seu cérebro sempre que você experimenta algum tipo de recompensa. Ela está lá, atuando.

De forma poético-científica: dorPamina.

Se aplicarmos dopamina diretamente em você, haverá uma reação comportamental. Se a retirarmos, também ocorre uma resposta. Em outras palavras: não é místico, é fisiológico.

Certo?

Assim como a dopamina, existem outras moléculas como a adrenalina, além de muitas outras envolvidas em sensações como medo, angústia, dor emocional, raiva...

Todas são agentes químicos — e estão presentes no sistema nervoso.

Durante muito tempo, acreditava-se que essas substâncias permaneciam confinadas ao cérebro. Mas isso não procede. A dopamina, por exemplo, se associa a pequenas cadeias de aminoácidos e é liberada na corrente sanguínea.

Uma vez ali, dorPamina alcança todos os tecidos do corpo.

Esses compostos se conectam a receptores específicos espalhados pelas células do corpo, como chaves que abrem portas bioquímicas.

Quando o encaixe acontece, as emoções — antes elétricas, agora líquidas — escorrem pela corrente sanguínea como cartas endereçadas a cada canto do corpo.

Dopamina libera os Sete (6x1) Neo Pecados Liberais, que começam a circular:

O medo contrai os músculos, prepara a fuga, acelera o coração e aperta o estômago — o ser se torna refratário, reacionário, reage em negação aos avanços, tem medo de seguir adiante, agride o progresso, se pudica, se inCellra em si mesmo, reprime.

A angústia pesa nos pulmões, encurva a coluna e afoga o riso nas glândulas salivares — dificuldade de respirar em pleno ar fresco, se vê sem saída, fugitivo sem destino, Perdinho da Silva.

A depressão silencia os neurotransmissores, embota o apetite, entorpece o intestino — e taca para dentro gorduras, lipídios; engana o estômago com enroladinhos de embutidos; mesmo comendo, se coloca em insegurança alimentar.

A ansiedade eletrifica a pele, embaralha o sono, satura a respiração — se antecipa ao que não existe, se preocupa com o que não foi e não vai ser, lida mais com o e se sem plausibilidade, ouve vozes de si mesmo dialogando com o vir a ser que nem se sabe se vai se tornar.

O estresse estoura nos ombros, morde os dentes, arde nos rins — o presente maldito, o agora imediatamente neste instante e insuportavelmente neste exato segundo; Papai Noel às avessas trazendo o presente a cada milissegundo.

A paranoia ativa zonas de alerta, desconfia do toque, vigia o corpo como um cárcere.

E o delírio traumático... esse atravessa a medula, dança entre sinapses, deixando rastros em cada célula imune.

Nada escapa. Os rins sentem. O baço acusa. Os ossos estremecem.

Os gânglios reagem. As gônadas se retraem ou inflam. As glândulas secretoras modulam seus fluxos.

Cada órgão, tecido e partícula de carne interpreta esses afetos à sua maneira — mas todos respondem. Como se o corpo inteiro rezasse — ou tremesse — na mesma frequência dos pecados emocionais do presente neoliberal.

As células que mais possuem receptores para essas mensagens químicas são os neurônios — lembra da sinapse? É nesse espaço que há uma vasta quantidade de pontos de recepção para esses sinais. Em segundo lugar estão as células imunológicas.

Portanto, os elementos do corpo que mais "percebem" suas emoções são, em primeiro plano, os nervos; e, logo em seguida, as células do sistema de defesa, como os leucócitos, macrófagos, eosinófilos e outros.

Ou seja: quando o ser — o sujeito — se coloca em estado de absorção passiva desses conteúdos midiáticos, seja por meio de programas policialescos, feeds de influencers, timelines saturadas de tragédia ou notícias sensacionalistas, seu corpo não distingue o que é ficção televisiva, opinião digital ou realidade. Ele reage como se estivesse vivendo cada ameaça.

Quando você se percebe como uma vítima — aqui entendida como alguém submetido constantemente a agressões simbólicas, emocionais ou informacionais —, e essa sensação se espalha pelo seu sistema circulatório, todo o seu sistema imunológico é mobilizado. Mas não para lutar — para se retrair.

E o que acontece? A atividade imunológica é reduzida. Sua resistência biológica enfraquece. O corpo, pressionado por estímulos emocionais mal digeridos, começa a se defender do próprio ambiente interno.

Basta assistir a cinco minutos de uma notícia negativa, sem qualquer filtro racional, crítica cognitiva ou mediação emocional, para que sua imunidade fique comprometida por até cinco horas.

Não é metáfora: é química. Não é exagero: é biologia.

A mente envenenada intoxica o corpo. A audiência crua se converte em doença.

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