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Ladeira da Memória - Paródia do Grupo Rumo


Ladeira da Memória
Grupo Rumo

Olha as pessoas descendo, descendo, descendo
Descendo a Ladeira da Memória
Até o Vale do Anhangabaú

Quanta gente!
Vagando pelas ruas sem profissão
Namorando as vitrines da cidade
Namorando, andando, andando, namorando
O céu ficou cinza e de repente trovejou
E a chuva vem caindo, caindo, caindo
Prendendo as pessoas nas portas, nos bares
Na beirada das calçadas

Quanta gente!
Com ar aborrecido olhando pro chão
Pro reflexo dos edifícios e dos carros
Nas poças d'água
E pros pingos, pingando, pingando, pingando
Olha as pessoas felizes, felizes, felizes
Felizes por que a chuva que caía agora pouco
Essa chuva que caia agora pouco já passou


Paródia:


Larrrr...ei! da Me...ria!

Olha as pegadas sumindo, sumindo, sumindo,
Subindo, sumindo da Larrrr...ei! ra da o quê mesmo?
Me...ria!

Ria de nervoso porque a resposta sumiu.
Cadê? Cadê o quê?
Cadê a gente? Cadê o povo?
Cadê a trilha indígena
que passava, subia e descia por aqui?
Cadê, hein?

O concreto desceu, o concreto apagou, apagou.
Secou, secou, endureceu,
solo edificou tudo por aqui.

Os passos de antes já não estão lá.
As vozes caladas pela pressa,
Presas pela pressa,
pelo tempo, pelo esquecimento.

O céu acinzentou e, de repente, tudo apagou.
A fonte secou, secou, secou.
O azulejo rachou, rachou, rachou.

E o nome, que era lembrança,
hoje é só palavra no mapa.

O Senhor da Garoa Fina só cai se for tormenta,
tormento de área de risco,
tormento para os jogados à sarjeta.

Mas ainda tem gente subindo e descendo,
correndo e esquecendo,
pisando onde pisavam os Guarani,
sem saber que a ladeira já foi caminho,
e agora é só degrau de um esquecimento sem fim.

Degrau, "degraudação", degradação.

Memória? Ria,
risos do capital que não lucra
com quem se importa
em lembrar dos ancestrais povos...

Qual é a resposta,
hoje abandonada nos entornos esquecidos
do privatizado Anhangabaú?

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